Claude Lorrain**





Claude Gelée, que assumiu o nome de Claude le Lorrain (ou Claude Lorrain), nasceu em Chamagne, França, no ano de 1600, e morreu em Roma, no dia 23 de novembro de 1682.

Por volta de 1613, Lorrain foi para a Itália, onde passou toda a vida. Iniciou-se na pintura por volta de 1620, aprendendo a tradição da paisagem luminista fundada por Adam Elsheimer (1578-1610) e divulgada no século 17 pelo flamengo Paul Brill (1554-1626). Lorrain, contudo, superaria seus mestres, tornando-se o intérprete da luz solar.



O império da luz

Depois de criar cenas que reproduzem fielmente a realidade (é o caso das pinturas "Campo Vaccino" e "Festa na aldeia", por exemplo), Lorrain dedicou-se à pintura que o tornou imortal: portos de mar em que o sol doura embarcações e palácios, reverberando pela água, e paisagens ensolaradas nas quais encontramos as mais diversas variações da luz. Contudo, de todas as fases do dia, a tarde, o crepúsculo e o anoitecer serão os momentos que mais inspirarão suas paisagens.

Lorrain tinha o hábito de fazer esboços observando diretamente a natureza. Levantava-se à primeira hora da manhã e seguia para o campo, onde às vezes permanecia até o anoitecer. Esses esboços são trabalhos de traço livre, que mostram sua maneira de observar, atento às gradações de tons, evidenciando uma visão essencialmente poética. Lorrain imprime ao seu cromatismo (maneira de distribuir e empregar as cores na pintura) um forte sentido simbólico: tudo que se refere à natureza divina ou apresenta um aspecto de serenidade possui tons de azul; a força do amor é representada por meio do vermelho ou de tons incandescentes; a magnificência é marcada pelo amarelo; a submissão, pelo roxo; a esperança, com o verde.
Para Lorrain a luz cumpre um papel plástico; é a base com a qual ele organiza sua composição, com a qual cria o espaço e o tempo, articulando as figuras, a arquitetura e os elementos da natureza. Mas a luz também será um fator estético em Lorrain: ele a destaca como o principal elemento de suas pinturas, capaz de atrair e envolver o espectador, conduzindo-o a um mundo de sonho, a um mundo ideal, de perfeição.
A construção ideal que Lorrain utiliza repousa na mais exata observação, como o provam seus desenhos a nanquim e aquarela, um dos pontos altos de sua obra. Ele representou o sol e a natureza com inigualáveis lirismo e domínio técnico. Em suas pinturas, o realismo é transfigurado pela poesia que ele coloca em cada um dos elementos, mas, principalmente, pela luz. Sua obra não é a de um intelectual, mas a de um poeta.
Lorrain deixou para a posteridade, além das pinturas, seu Liber veritatis (Livro da verdade), um caderno de esboços no qual reuniu não só os desenhos preliminares de cada obra, para evitar falsificações, mas o roteiro detalhado da composição de cada pintura, o nome de quem o havia encomendado e, inclusive, o pagamento que recebeu pelo trabalho.
A visão poética de Lorrain teve influência decisiva sobre Joseph Mallord William Turner e os paisagistas ingleses do século 19; e, através destes, sobre Monet e os impressionistas.


Enciclopédia Mirador Internacional

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