Busca.
Nós, seres humanos, perdemos a vida buscando coisas que já encontramos. Perdemos mesmo quando tentamos caminhar em linha reta pela areia, e observar o mar, num fim de tarde, tentando assimilar nossa existência e como chegamos ali.
Será que assim como eu, outros tentam encontrar o que lhes corrói?
Ou sou eu apenas, querendo acreditar que esse vazio que invade minha alma, é algo que não se assemelha á ninguém?
Antes disso tudo, pensava que você era á parte que me mantinha forte. Mas, hoje em dia, aprendi á ser forte sozinha, conformei-me com sua ausência, e com os cacos que estão á minha volta. Cansei de procura felicidade onde não existia, apenas, cansei de ser um quadro branco em uma parede cinza.
E, para ser bem sincera, faz tempo que senti algo de verdade por algo ou alguém, e é como se toda ás coisas boas que havia vivido até naquele instante, estivessem trancadas dentro de minha mente. Sinto que está passando um filme antigo sobre meus olhos, e ele está sendo mostrado para me manter de pé.
Ás vezes, parece que estamos presos numa gaiola que foi forjada em angustias e fracasso. Será que também pode entender isso?
Ou, isso tudo é medo de ir adiante, e despertar em um mundo devastado pela fragilidade de ser quem somos?
Queria acreditar que o dia de amanhã irá ser fantástico e que ás cores que estão acinzentadas irão voltar á brilhar, como foi em tempos de extrema felicidade.
Queria correr de pés descalços nessa areia branquinha que está a minha frente e não machucar os meus pés, como fazia quando era criança. Eu queria percorrer uma distância invisível, que só era feita por mim, para ir cada vez mais longe de mim mesma.
Então, eu me recordo como em um passe de mágica, que nós seres humanos, perdemos a vida buscando coisas que já encontramos, e o que nos falta de fato é, coragem para continuar.
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