OS 100 MELHORES POEMAS INTERNACIONAIS DO SÉCULO XX



A Terra Desolada (The Waste Land), de T.S. Eliot (1888-1965) – Nascido nos EUA, Eliot se sentia culturalmente ligado à Europa, tendo morado em Londres a maior parte da vida. Além de poeta, foi ensaísta e dramaturgo, tendo recebido o Nobel em 1948. No ano de 1922 publicou este poema-marco da literatura do século, em que constrói uma cerrada rede de referências à tradição literária européia na descrição de um continente devastado por um processo de desagregação que vinha desde o Renascimento.”Poesia”, trad. de Ivati Junqueira, Nova Fronteira.


 

**A terra desolada

T. S. Eliot

1.
Abril é o mais cruel dos meses, germina
Lilases da terra morta, mistura
Memória e desejo, aviva
Agônicas raízes com a chuva da primavera.
O inverno nos agasalhava, envolvendo
A terra em neve deslembrada, nutrindo
Com secos tubérculos o que ainda restava de vida.
O verão; nos surpreendeu, caindo do Starnbergersee
Com um aguaceiro. Paramos junto aos pórticos
E ao sol caminhamos pelas aléias de Hofgarten,
Tomamos café, e por uma hora conversamos.
Big gar keine Russin, stamm’ aus Litauen, echt deutsch.
Quando éramos crianças, na casa do arquiduque,
Meu primo, ele convidou-me a passear de trenó.
E eu tive medo. Disse-me ele, Maria,
Maria, agarra-te firme. E encosta abaixo deslizamos.
Nas montanhas, lá, onde livre te sentes.
Leio muito à noite, e viajo para o sul durante o inverno.

Que raízes são essas que se arraigam, que ramos se esgalham
Nessa imundície pedregosa? Filho do homem,
Não podes dizer, ou sequer estimas, porque apenas conheces
Um feixe de imagens fraturadas, batidas pelo sol,
E as árvores mortas já não mais te abrigam, nem te consola o canto dos grilos,
E nenhum rumor de água a latejar na pedra seca. Apenas
Uma sombra medra sob esta rocha escarlate.
(Chega-te à sombra desta rocha escarlate),
E vou mostrar-te algo distinto
De tua sombra a caminhar atrás de ti quando amanhece
Ou de tua sombra vespertina ao teu encontro se elevando;
Vou revelar-te o que é o medo num punhado de pó.


 


 


Tabacaria, de Fernando Pessoa (1888-1935), sob o heterônimo de Álvaro de Campos – O poeta português é autor da mais original criação poética deste século, a heteronímia, ou seja, a criação de múltiplas personalidades poéticas com vida pessoal e espiritual própria. Campos é, segundo Pessoa, um engenheiro formado em Glasgow (Inglaterra). Vivendo integralmente os conflitos da modernidade, é o mais inquieto e exaltado dos heterônimos.”Obra Poética”, Nova Aguilar; “Ficções do Interlúdio”, Companhia das Letras. (Poema postado no comentário de nº 19 desta página, pelo leitor Ulisses Ferreira)






      TABACARIA
    Não sou nada.
    Nunca serei nada.
    Não posso querer ser nada.
    À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
    Janelas do meu quarto,
    Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
    (E se soubessem quem é, o que saberiam?),
    Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
    Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
    Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
    Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
    Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
    Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
    Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
    Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
    E não tivesse mais irmandade com as coisas
    Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
    A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
    De dentro da minha cabeça,
    E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
    Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
    Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
    À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
    E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
    Falhei em tudo.
    Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
    A aprendizagem que me deram,
    Desci dela pela janela das traseiras da casa.
    Fui até ao campo com grandes propósitos.
    Mas lá encontrei só ervas e árvores,
    E quando havia gente era igual à outra.
    Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?
    Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
    Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
    E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
    Gênio? Neste momento
    Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
    E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
    Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
    Não, não creio em mim.
    Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
    Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
    Não, nem em mim...
    Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
    Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
    Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
    Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
    E quem sabe se realizáveis,
    Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
    O mundo é para quem nasce para o conquistar
    E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
    Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
    Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
    Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
    Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
    Ainda que não more nela;
    Serei sempre o que não nasceu para isso;
    Serei sempre só o que tinha qualidades;
    Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
    E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
    E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
    Crer em mim? Não, nem em nada.
    Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
    O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
    E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
    Escravos cardíacos das estrelas,
    Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
    Mas acordamos e ele é opaco,
    Levantamo-nos e ele é alheio,
    Saímos de casa e ele é a terra inteira,
    Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
    (Come chocolates, pequena;
    Come chocolates!
    Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
    Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
    Come, pequena suja, come!
    Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
    Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
    Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)
    Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
    A caligrafia rápida destes versos,
    Pórtico partido para o Impossível.
    Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
    Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
    A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
    E fico em casa sem camisa.
    (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
    Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
    Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
    Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
    Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
    Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
    Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
    Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
    Meu coração é um balde despejado.
    Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
    A mim mesmo e não encontro nada.
    Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
    Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
    Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
    Vejo os cães que também existem,
    E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
    E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)
    Vivi, estudei, amei e até cri,
    E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
    Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
    E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
    (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
    Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
    E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente
    Fiz de mim o que não soube
    E o que podia fazer de mim não o fiz.
    O dominó que vesti era errado.
    Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
    Quando quis tirar a máscara,
    Estava pegada à cara.
    Quando a tirei e me vi ao espelho,
    Já tinha envelhecido.
    Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
    Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
    Como um cão tolerado pela gerência
    Por ser inofensivo
    E vou escrever esta história para provar que sou sublime.
    Essência musical dos meus versos inúteis,
    Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
    E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
    Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
    Como um tapete em que um bêbado tropeça
    Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.
    Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
    Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
    E com o desconforto da alma mal-entendendo.
    Ele morrerá e eu morrerei.
    Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
    A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
    Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
    E a língua em que foram escritos os versos.
    Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
    Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
    Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,
    Sempre uma coisa defronte da outra,
    Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
    Sempre o impossível tão estúpido como o real,
    Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
    Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.
    Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
    E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
    Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
    E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.
    Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
    E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
    Sigo o fumo como uma rota própria,
    E gozo, num momento sensitivo e competente,
    A libertação de todas as especulações
    E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
    Depois deito-me para trás na cadeira
    E continuo fumando.
    Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
    (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
    Talvez fosse feliz.)
    Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
    O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
    Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
    (O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
    Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
    Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
    Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

    **Álvaro de Campos, 15-1-1928

O Cemitério Marinho (Le Cimetiêre Marin), de Paul Valéry (1871-1945) – Valéry foi grande ensaísta e se via sobretudo como um homem devotado à inteligência. Daí viria sua relação tensa com a poesia que o tomaria um “poeta-não poeta”, na expressão de Augusto de Campos. “Cemitério Marinho” é a prova cabal do acerto de um de seus aforismos, que diz que poema é aquilo que não pode ser resumido.”O Cemitério Marinho”, trad. de Jorge Wanderley, Max Limonad.
O Cemitério Marinho

**O Cemitério Marinho

 

 

Tranquilo teto donde marcham pombas,

pinhos palpitam, dentre destas tumbas,

justo do meio dia fundir das luzes!

O mar, o mar reinício sempre mar!

Oh recompensa após de um pensar,

que um longo olhar faz sobre calma deuses!


 

Puro trabalho fim que se consuma

imperceptível brio diamante escuma,

qual paz parece para conservar!

E sobre abismo quando sol repousa

obras de casta eterna desta causa,

Cintila tempo é saber sonhar.


 

Firme ouro, templo simples de Minerva,

massa de alívio, visto que reserva,

soberbo céu que vê guardado alto!

Tanto repouso véu embaixo flama,

Ó meu silêncio! Prédio sóbrio d´alma,

seguro douro mil das telhas, teto!


 

Tempo do templo, sol suspira sumo,

é deste ponto alcanço me acostumo,

tudo resguarda olhar meu do oceano

do Criador de doação tão soberana,

cintilação semear-nos já serena,

é no desdém que me alço soberano.


 

Como fundida fruta desta essência

duma delícia altera sua existência,

qual duma boca morre na feição.

Sou fumo vero deste eu meu assuma,

é canto do céu da alma que consuma,

são rumorosas docas cicio dão.


 

Belo céu, vero guarda céu alterável,

após de tanto orgulho do estranhável,

ócio total do pleno do poder.

Eu me abandono brio deste espaço,

mansões dos mortos, sombra minha ao passo,

que domestica frágil no mover.


 

Exposta d´almas sol solstício abraça,

domina-a da admirável das justiças,

das quais das luzes armam da piedade!

Eu me só rendo prima da pureza:

Que me resguarda!...Junto à luz beleza

suposto espectro triste da metade.


 

Ó para meu eu, mim, para mim mesmo,

da fonte poema, do imo de tão próximo,

dentre da vida mais me envolve puro;

Eu espero do eco do amplo minha interna,

sombra de amargo, som estar cisterna,

tocar-me d´alma d´oco do futuro!


 

Cativo sábio falso da folhagem,

comedor golfos magros da linhagem,

são meus cerrados olhos fascinados,

em quais os corpos prendem fins dos ócios,

fronte arremete a terra destes ósseos?

Uma centelha pensa se ausentados.


 

Ferido sacro, pleno fel conduz,

fração terrestre oferta para luz,

que o léu me fez, domínio destes círios,

Composto douro, pedras, cedros úmbrias,

tanto do marmo são temblam sombrias;

Mar fiel dorme sobre sepulcrários!


 

Cã arreda deste crente do esplendor!

Qual solitário riso do pastor,

perpétuos dos carneiros misteriosos

branco rebanho calmas destas tumbas,

distantes as prudentes alvas pombas,

sonhos altivos, anjos tão curiosos.


 

Aqui futuro a terra mais que pura,

é deste inseto arranha-se secura,

é tudo bruto lhe arde aceita aragem,

que não sei da severa da existência...

A vida vasta livre desta ausência,

é do amargor doce alma da celagem!


 

Mortos ocultos são bem terras quem,

é lhes aquecem secos lhes renascem,

meio do alto, meio mutações,

pensam de si, que acena de si mesma...

Fronte completa destro do diadema,

Eu sou de sua secreta alteração.


 

Não faz contenham vagos meus temores!

Remorso dúvida, entre dos horrores,

defeitos são de extensos do diamante…

Noite doridas doídas são dos mármores,

vagam o povo tronco destas árvores,

extraídos outra vez partir errante.


 

Fundirem duma espessa desta falta

argila rubra bebe a branca casta;

O dom da vida passou para flores!

São destes mortos frases familiares,

Arte pessoal das almas singulares?

Larva mudada fia lamentações!


 

Os gritos tão de agudos, moça irada,

olhos dos dentes, pálpebra mirada

seio encantado face deste fogo,

do sangue brilhou lábios se renderam,

últimos dons, os dedos que acorreram,

De tudo que há na terra esvai vai jogo!


 

Você grande alma espera sonhos danos,

as cores aura são dos sempre enganos,

douro olhos vivos, fonte onda aquém?

Cantaram quando for tão vaporosa?

Vá! Tudo foge! Minha está porosa,

santa impaciência morreu também!


 

Magra imortal sombria deste doirado

consolador do medo do laureado,

a morte seio fez tão maternal,

bela mentira dó que desta acusa!

Que nem conhece, quem que lhe recusa,

crânio vazio de riso de eternal!


 

Profundos pais, de testa inabitada,

embaixo pesos tantas já pazadas,

terra confunde passam do jamais.

Roedor do vero verme irrefutável,

é ponto desta tábua do dormível,

viver da vida não se ata jamais!


 

Amor, por mim, eu mesmo será cisma?

Dente secreto está que me aproxima,

dos quais os nomes ele convencer!

Importa! Vê! Sonhando quer pegada!

Manta de carne agrada até camada

vivente eu deste volto pertencer!


 

Zenão! Cruel Zenão! Zenão d’Eleia!

Mas furo deste dardo se volteia

vibrar nem voa, mais voeja do jamais!

Som me infantil me mata dardo fuga!

Ah! Sol... Qual sombra desta tartaruga

Aquiles d´alma grande passo mais!


 

Não! Não!… Levante! Tempo do exaustivo!

Parta meu corpo, forma, pensativo!

Beba do meu seio vento nascente!

Oh frescor, deste mar tão de exaltado,

Torna minha alma! Fonte do salgado!

Corram voltando d´onda do vivente!


 

Oh! Grande mar delírios de doirados,

Pele pantera, Clâmide em tornados,

dos mil e mil dos ídolos sol qual,

da livre carne azul, de Hidra absoluta,

remorso da brilhante cauda solta

tumulto paz idêntica tão igual!


 

Levanta vento!… Qual viver tentar!

Imenso abrir reforma meu livro ar,

O pó saltou da pedra dos mais roços!

O vácuo desta folha de extasiada!

Dissolvam vagas! Quebrem d’água alçada!

Tranquilo teto do pipocar focos!



Velejando para Bizâncio (Sailing to Byzantium), de William Butler Yeats (1865-1939) – O poeta e autor teatral irlandês recebeu o Nobel de 1923. Da plena maturidade são seus poemas mais citados, como este “Velejando para Bizâncio”, no qual a velhice e a morte, confrontadas com a permanência da arte, se vêem transfiguradas num espaço mítico além da vida.”W.B. Yeats – Poemas”, trad. de Paulo Vizioli, Companhia das letras.

**VIAJANDO PARA BIZÂNCIO

Aquela não é terra para velhos. Gente
jovem, de braços dados, pássaros nas ramas
— gerações de mortais — cantando alegremente,
salmão no salto, atum no mar, brilho de escamas,
peixe, ave ou carne glorificam ao sol quente
tudo o que nasce e morre, sémen ou semente.
Ao som da música sensual, o mundo esquece
as obras do intelecto que nunca envelhece.


Um homem velho é apenas uma ninharia,
trapos numa bengala à espera do final,
a menos que a alma aplauda, cante e ainda ria
sobre os farrapos do seu hábito mortal;
nem há escola de canto, ali, que não estude
monumentos de sua própria magnitude.
Por isso eu vim, vencendo as ondas e a distância,
em busca da cidade santa de Bizâncio.


Ó sábios, junto a Deus, sob o fogo sagrado,
como se num mosaico de ouro a resplender,
vinde do fogo santo, em giro espiralado,
e vos tornai mestres-cantores do meu ser .
Rompei meu coração, que a febre faz doente
e, acorrentado a um mísero animal morrente,
já não sabe o que é; arrancai-me da idade
para o lavor sem fim da longa eternidade.


Livre da natureza não hei de assumir
conformação de coisa alguma natural,
mas a que o ourives grego soube urdir
de ouro forjado e esmalte de ouro em tramas,
para acordar do ócio o sono imperial;
ou cantarei aos nobres de Bizâncio e às damas,
pousado em ramo de ouro, como um pássa-
ro, o que passou e passará e sempre passa.


Hugh Selwin Mauberley, de Erza Pound (1885-1972) – Este poema escrito em 1920 é o trabalho longo de leitura mais fluente do autor, já que é em grande parte escrito em forma mais tradicional e tem um eixo narrativo claro, o dos descaminhos do poeta americano E.P. e de seu duplo britânico, Mauberley, ameaçados de esterilidade artística. ”Poesia”, trad. de Augusto de Campos, Hucitec.

Hugh Selwyn Mauberly - Ezra Pound
ENVOI (1919)

Vai, livro natimudo,
E diz a ela
Que um dia me cantou essa canção de Lawes:
Houvesse em nós
Mais canção, menos temas,
Então se acabariam minhas penas,
Meus defeitos sanados em poemas
Para fazê-la eterna em minha voz

Diz a ela que espalha
Tais tesouros no ar,
Sem querer nada mais além de dar
Vida ao momento,
Que eu lhes ordenaria: vivam,
Quais rosas, no âmbar mágico, a compor,
Rubribordadas de ouro, só
Uma substância e cor
Desafiando o tempo.

Diz a ela que vai
Com a canção nos lábios
Mas não canta a canção e ignora
Quem a fez, que talvez uma outra boca
Tão bela quanto a dela
Em novas eras há de ter aos pés
Os que a adoram agora,
Quando os nossos dois pós
Com o de Waller se deponham, mudos,
No olvido que refina a todos nós,
Até que a mutação apague tudo
Salvo a Beleza, a sós.
Pranto por Ignacio Sánchez Mejías (Llanto por Ignacio Sánchez Mejías), de Federico García Lorca (1899-1936) -Lorca foi tanto o poeta popular do “Romanceiro Gitano” (1928) quanto àquele que se horrorizou, fascinado, diante da metrópole, em ”O Poeta em Nova York”, publicado postumamente em 1940. Foi assassinado aos 38 anos pelos franquistas no início da Guerra Civil Espanhola.”Obra Poética”, trad. de William Agel de Mello, Martins Fontes.


Elegias de Duíno (Duineser Elegien), de Rainer Maria Rilke (1875-1926) – Nascido em Praga, levou uma vida aristocrática, patrocinado pela nobreza européia. As ”Elegias de Duíno” emprestam seu nome do castelo próximo a Trieste onde começaram a ser compostas nos anos de 1910-1912. Só foram concluídas mais de dez anos depois.”Elegias de Duíno”, trad. de José Paulo Paes, Companhia das Letras.
8º À Espera dos Bárbaros, de Konstantinos Kaváfis (1863-1933) – O mais importante poeta grego deste século nasceu em Alexandria, no Egito, e morou na Inglaterra. Em “A Espera dos Bárbaros”, poema ao mesmo tempo político e ontológico, aparece a duração de um espaço em que nada se faz porque os bárbaros atacarão.”Poemas”, trad. de José Paulo Paes, Nova Fronteira. (Poema postado no comentário de nº 06 desta página)
Zona (Zone), de Guillaume Apollinaire (1880-1918) – Poeta francês e patriota, apesar de nascido em Roma, teve uma biografia acidentada, que inclui participação voluntária como soldado na Primeira Guerra. Em “Zona” (1913), Apollinaire elimina a pontuação e cria um ritmo nervoso; abole o que faz um canto de louvor à modernidade.”Alcools”, Gallimard, 34 francos.
10º Mensagem, de Fernando Pessoa (1888-1935) – Pessoa ele mesmo nasceu em Lisboa e passou seus anos de formação na África do Sul. Dos vários livros projetados e até efetivamente escritos por ele, ”Mensagem” (1934) foi o único publicado em vida.”Obra Poética”, Nova Aguilar. ”Mensagem”, Companhia das Letras.

11º A Canção de Amor de J. Alfred Prufrock (The Love Song of J. Alfred Prufrock), de T.S Eliot (1888-1965) – Publicado pela primeira vez em 1915 numa revista literária de Chicago, abriria o primeiro livro de Eliot, de 1917.”Poesia”, trad. De Ivan Junqueira, Nova Fronteira.
12º Quatro Quartetos, de T.S. Eliot – “Poesia”, trad. de Ivan Junqueira, Nova Fronteira.
13º Cantos, de Ezra Pound – “Cantos&p;p;ammp;quuot;, trad. de José Lino Grünewald, Nova Fronteira .
14º Em Meu Ofício ou Arte Taciturna, de Dylan Thomas (1914-1955) – Nasceu no País de Gales, trabalhou como repórter. Sua poesia, às vezes de tom religioso, revisita temas como a infância e a morte. “Poemas Reunidos” (1934-1953), trad. de Ivan Junqueira, José Olympio.
15º O Cão sem Plumas, de João Cabral de Melo Neto (1920-1999) – Quando escreveu este poema, no final da década de 40, Cabral julgou que seria o último. O fluxo das memórias e o do rio Capibaribe se fundem nele para fazer um retrato tenso e novo do Recife. – “O Cão sem Plumas”, Nova Fronteira.
1Quarta-Feira de Cinzas de T.S.Eliot, “Poesia”, trad. de Ivan Junqueira, Nova Fronteira.

17º Noite Insular, Jardins Invisíveis, de Lezama Lima (1910-1976) – Poeta cubano, fundador da revista “Verbum”, em 1937. Em 1959, foi nomeado por Fidel Castro diretor do departamento de literatura e publicações do Conselho Nacional de Cultura. E autor do romance ”Paradiso” (1966), lançado no Brasil em 1987. Publicou também os livros de poemas “Morte de Narciso” (1937) e “Inimigo Rumor” (1941).”Poesia Completa”, Alianza Editorial, 3.562 pesetas (Espanha).
18º Campo de Flores, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) – Desde sua estréia, em 1930, com “Alguma Poesia”, Drummond se tornou poeta central para a literatura brasileira. Fechando a segunda seção de “Claro Enigma” (1951), “Campo de Flores” fala do tema do amor na maturidade. – “Claro Enigma”, Record.
19º – Blanco, de Octavio Paz (1914-1998) -Prêmio Nobel de 1990, o mexicano Octavio Paz é o único poeta que tem a mesma dimensão internacional dos ficcionistas latino-americanos. Como poeta, publicou ”Pedra de sol”, que, entre outros temas, revisita sua participação na Guerra Civil Espanhola e a experiência poética múltipla deste ”Blanco”. – ”Transblanco”, trad. de Haroldo de Campos, Siciliano.
20º Leda e o Cisne, de William Butler Yeats – ”Poemas”, trad. de Paulo Vizioli, Companhia das Letras.
21º Jubileu, de Vladímir Maiakóvski (1893-11111930) – Nascido na Geórgia, Maiakóvski foi um entusiasta da Revolução Russa, enfrentando o desafio de escrever uma poesia engajada e ao mesmo tempo inovadora e pessoal por meio da ”linguagem da rua”. Suicidou-se seis anos após escrever ”Jubileu”. – ”Maiakóvski”, trad. de Haroldo de Campos, Perspectiva.
22º Orfeu. Eurídice. Hermes, de Rainer Maria Rilke – ”Rilke: Poesia-Coisa”, trad. de Augusto de Campos, Imago.
23º Esboço de uma Serpente, de Paul Valéry — “Poésies”, Gallimard, 34 francos (França).
24º Manhã, de Giuseppe Ungaretti (1888-19700000) – Na juventude lutou na Primeira Guerra. viveu no Brasil entre 1937 e 1942, tendo sido professor da USP. Obra-prima na captação de um momento num poeta que deseja uma poesia reduzida ao mínimo de palavras, eis todo o poema ”Manhã”, na tradução de Haroldo de Campos: ”Deslumbro-me/ de imenso”. Publicou, entre outros, ”Sentimento do Tempo” (1930), e ”A Dor” (1947).- ”Vita d’ un Uomo – Tutte le Poesie”, Mondadori, 24.00000 liras (Itália).
25º Os Doze, de Aleksandr Blok (1880-1921) — Filho de intelectuais, Blok é considerado o grande poeta simbolista russo. A partir da fracassada revolução de 1905, sua poesia ganhou um realismo que se vê em ”Os Doze” (1918) e que descreve a marcha de 12 soldados sobre a cidade. – ”Poesia Russa Moderna”, trad. de Boris Schnaiderman e Haroldo de Campos.
26º O Fogo de Cada Dia, de Octavio Paz (1914-1998) – ”Obra Poética (1935-1988)”, Seix Barral, 3.800 pesetas (Espanha).
27º Sutra do Girassol, de Allen Ginsberg (11111926-1997) – Neste poema, Ginsberg fala de si ao laadoo de seu companheiro de geração ”beatnik”, Jack Kerouac (1922-1969). Sua linguagem torrencial, cheia de referências pessoais, da conta do que é típico em Ginsberg, que criou celeuma já com seu livro de estréia, ”Uivo e Outros Poemas” (1956), cujo poema-titulo chegou a ser proibido por obscenidade. – “Uivo, Kaddish e Outros Poemas”, trad. de Cláudio Willer, L&PM.
28º Romanceiro Gitano, de Federico García Lorca – “Obra Poética Completa”, trad. de WiIliam Agel de Mello.
29º Poema do Fim, de Marina Tzvietáieva (1892-1941) – Nome central da moderna poesia russa e européia, colocou-se em sua poesia contra a Revolução Russa e, mais tarde, contra o fascismo. Ao ver o marido ser fuzilado e a filha mandada para um campo de concentração, suicidou-se. – Poemas da autora saíram em ”Poesia Sempre” n. 7, em trad. de Augusto e Haroldo de Campos (Fundação Biblioteca Nacional, fax 0/xx/2l/220-4173).
30º Ode Marítima, de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa – ”Ficções do Interlúdio”, Companhia das Letras; ”Obra Poética”, Nova Aguilar.
31º A Pantera, de Rainer Maria Rilke – ”Rilke: Poesia-Coisa”, trad. de Augusto de Campos, Imago.
32º As Jovens Parcas, de Paul Valéry – ”Linguaviagem”, trad. de Augusto de Campos, Cia. das Letras.
33º A Torre, de William Butler Yeats – ”The Tower”, Pengum, 3,99 libras (Reino Unido). Uma tradução de Augusto de Campos para o poema foi publicada no Mais! em 14/6/98.
34º Xenia, de Eugenio Montale (1896-1981) – Ganhador do Nobel de 1975, o poeta italiano desejou ser cantor lírico, mas foi impedido pela Primeira Guerra. Sua poesia às vezes se aproxima da prosa, tal o uso que faz de elementos não-poéticos. – ”Poesias”, trad. De Geraldo Holanda Cavalcanti, Record.
35º A Segunda Vinda, de William Butler Yeats – “Poemas”, trad. de Paulo Vizioli, Companhia das Letras.
36º A Enguia, de Eugenio Montale (1896-19811111) – “Poesias”, trad. de Geraldo Holanda Cavalcanti, Record.
37 De Todas as Obras, de Bertolt Brecht (11111898-1956) – O principal interesse do escritor alemmão foi o teatro, que revolucionou, mas escreveu poesia por toda a vida. – “Poemas – 1913-1956″, trad. de Paulo César Souza, Brasiliense.
38º Cortejo, de Guillaume Apollinaire “Oeuvres Poétiques Complétes”, Gallimard, 290 francos (França).
39º Stretto, de Paul Cela (1920-1970) -Poeta romeno de expressão alemã, Celan chegou a ser preso num campo de concentração. Suicidou-se em Paris. – “Cristal”, trad. de Claudia Cavalcanti, Iluminuras.
40º brIlha, de e.e. cummings (1894-1962) – OOO lado mais conhecido de sua poesia está nos poemas em que trabalha com a tipografia, decompondo as palavras e introduzindo uma série de sinais, em especial parênteses. – “Poem(a)s”, trad. de Augusto de Campos, Francisco Alves.
41º Trilce, de Cesar Vallejo (1892-1938) – OOO peruano Vallejo teve a marca simbolista típica de sua geração na juventude. Posteriormente, notabilizou-se por sua poesia de cunho social, mas jamais abriu mão do impulso experimental, visível neste “Trilce” (1922). – “Trilce”, Cátedra, 1.142 pesetas (Espanha).
42º Altazor, de Vicente Huidobro (1893-19477777) – Chileno, Huidobro viveu em Paris e Madri. “Altazor” é um longo poema em que se mostra bem, em invenções vocabulares e livres associações, o caráter experimental de sua poesia. – ”Altazor e Outros Poemas”, trad. De Antônio Risério e Paulo César de Souza, ArtEditora.
43º Fragmento, de Miklos Radnoti (1909-1944) – Em seu país, a Hungria, Radnoti é um mártir do Holocausto, já que foi fuzilado pelos nazistas. – Pode ser encontrado em inglês, em ”Foamy Sky – The Major Poems of Miklos Radnoti”, trad. de Frederick Turner e Zsuzsanna Ozsvath, Books on Demand.
44º Dói Demais, de Attila József (1905-19377777) – Húngaro, foi membro do então ilegal Partido Comunista e disse sobre si mesmo ser o poeta do proletariado. Fez de sua mãe, uma lavadeira, símbolo da classe trabalhadora. – Pode ser encontrado em inglês, em ”Winter Night”, trad. de John Batki, Oberlin College Press.
45º No Túmulo de Christian Rosencreutz, de Fernando Pessoa – ”Obra Poética”, Nova Aguilar.
46º Ode Inacabada à Lama, de Francis Ponge (1899-1988) – Poeta francês que buscou afastar a poesia do eu, aproximando-a dos objetos. O mais conhecido de seus livros é ”O Parti-Pris das Coisas” (1942). – ”Oeuvres Complétes”, Gallimard, 390 francos (França).
47º O Torso Arcaico de Apoio, de Rainer Maria Rilke – Não há tradução brasileira disponível. (Poema postado no comentário de nº10, por Tejo (tradução de Manuel Bandeira)
48º Os Passos Longínquos, de César Vallejo (1892-1938) – ”Obra Poética Completa”, Alianza, 2.010 pesetas (Espanha).
49º El Hombre, de William Carlos Williams (1883-1963) – O poeta norte-americano foi escritor político, autor de peças, contos e romances, além de poemas. ”Poemas”, trad. de José Paulo Paes, Companhia das Letras.
50º Meus Versos São de Chumbo, de Jaroslav Seifert (1901-1986) – Foi o primeiro autor tcheco a ganhar, em 1984, o Prêmio Nobel. Há outros poemas do autor na antalogia ”Céu Vazio”, trad. De Alksandar Jovanovic, Hucitec.
51º A Máquina do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade – ”Claro Enigma”, Record.
52º A Ponte, de Hart Crane (1899-1932) – Escrito em 1930, este poema longo em 15 partes é a tentativa de fazer um épico moderno que celebrasse o poder humano de reunir passado e presente. – ”Complete Poems of Hart Crane”, W.W. Norton.
53º Dia de Outono, de R. M. Rilke – ”Poemas”, trad. José Paulo Paes, Companhia das Letras.
54º Treze Maneiras de Olhar para um Melro, de Wallace Stevens (1879-1955) – Um dos mais importantes poetas norte-americanos, sua poesia é numas vezes discursiva, noutras bem concisa. – ”Poemas”, trad. de Paulo Henriques Brito, Companhia das Letras.
55º Domingo de Manhã, de Wallace Stevens – “Poemas”, Companhia das Letras.
56º Sonetos a Orfeu, de R. M. Rilke “Poemas” – Companhia das Letras.
57º Vigília, de Giuseppe Ungaretti – Em “Poesia Alheia”, trad. Nelson Ascher, Imago.
58º Perfil Grego, de Iannis Ritsos (1909-1999990) – Comunista, o poeta grego foi preso pelos nazistas; depois, sua militância política lhe custaria o exílio. Há outros poemas do autor em “Gaveta do Tradutor”, trad. de José Paulo Paes, Letras Contemporâneas.
59º Poema dos Dons, de Jorge Luis Borges (11111899-1986) – O grande autor do “boom” lattinno-americano, o argentino é muito mais lembrado por seus contos do que por sua refinada poesia. – “Obras Completas”, vol. 2, trad. de Josely Vianna Baptista, Globo.
60º O Guardador de Rebanhos, de AIberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa – Segundo Pessoa, Caeiro nasceu em 1889 e era um homem inculto que sempre viveu numa aldeia. E reconhecido como o mestre dos outros heterônimos e do próprio Pessoa. – ”Ficções do Interlúdio”, Companhia das Letras.
61º Nalgum lugar em que nunca estive, de e…..e. cummings (1894-1962) – ”Poem(a)s”, trad. de Augusto de Campos, Francisco Alves.
62º Omeros, de Derek Walcott (1930) – Poeta caribenho de expressão inglesa, ganhador do Nobel em 1992, procura criar uma arte que dê conta da fusão cultural de sua região. – ”Omeros”, trad. de Paulo Vizioli, Companhia das Letras.
63º Degraus, de Hermann Hesse (1877-1962) Autor do romance ”Lobo da Estepe” (1927), como poeta não dispensou um certo sentimentalismo ao explorar temas como a infância, a solidão. Ganhou o Nobel em 1946. – ”Gesammelte Werke”, Suhrkamp, 148 marcos (Alemanha).
64º A Serguei Iessiênin de Vládimir Maiakóvski (1893-1930) – ‘Poemas”, Perspectiva.
65º O Duro Cerne da Beleza, de WiIliam Carlos Williams – “Poemas”, trad. José Paulo Paes, Companhia das Letras.
66º – Sestina: Altaforte, de Ezra Pound “Poesia”, Hucitec.
67º – Argumentum et Silentio, de Celan “Gesammelte Werke – Gedichte”, Suhrkamp, 49,80 marcos (Alemanha).
68º- Encantação pelo Riso, de Vielimir Klebnikov (1885-1922) – Poeta russo considerado o líder do cubo-futurismo. – “Poesia Russa Modema”, Brasiliense.
69 Anabase, de Saint-John Perse (l887-1975) – Pseudônimo do diplomata francês Alexis Léger. Teve sua nacionalidade cassada na Segunda Guerra quando foi viver nos EUA. Só regressou a seu país em 1957. Ganhou o Nobel em 1960. ”Éloges”, Gallimard.
70º Voz a Ti Devida, de Pedro Salinas (1892-1951) – O poeta espanhol notabilizou-se com seus poemas de amor. – ”Voz a Ti Debida”, Losada, 617 pesetas.
71º Réquiem, de Ana Akhmátova (1888-1966) Fundadora do acmeísmo, corrente que se situa entre o simbolismo e o futurismo, a poeta russa foi considerada decadente durante a época do ”realismo socialista”. Sua poesia refinada e melancólica, mostra-se inteira em ”Réquiem”, um conjunto de pequenos poemas escritos entre 1925 e 1930. – ”Réquiem e Outros Poemas”, Art Editora.
72º As Janelas, de Apollinaire – ”Oeuvres Poétiques Complètes” (Gallimard).
73º A Ponte Mirabeau, de Guillaume Apollinaire – “Oeuvres Poétiques Complètes”.
74º Oxford, de W.H. Auden (1907-1973) – O poeta britânico compartilhou com T.S. Eliot o pessimismo sobre o presente, mas não celebrou o passado: sendo homem da esquerda, viu o futuro com os olhos da utopia. Tematizou o amor homossexual e a religião. – ”Poemas”, trad. de José Paulo Paes, Companhia das Letras.
75º Em Memória de Yeats, de W.H. Auden – ”Poemas”, Companhia das Letras.
76º Briggflatts, de Basil Bunting (1900-1985) – E o poeta inglês mais conhecido nos Estados Unidos. Só se projetou em seu país aos 66 anos, com ”Briggflatts”, poema autobiográfico em que procurou explorar os aspectos linguísticos e antropológicos de sua região natal. – ”The Complete Poems”, Oxford University Press, 11,99 libras (Reino Unido).
77º No Centenário de Mondrian, de João Cabral de Melo Neto – ”Obra Poética”, Nova Aguillar.
78º Serpente, de D.H. Lawrence (1885-1930) — O ficcionista, crítico e poeta inglês ficou conhecido por romances como – ”Filhos e Amantes” (1913) e ”O Amante Lady Chatterley” (1928), processado como pornográfico. A divulgação de sua melhor poesia se fez postumamente. – ”The Complete Poems”, Penguim.
79º Áporo, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) – ”A Rosa do Povo”, Record.
80º Dizer Tudo, de Paul Éluard (1895-1952) — Na adolescência, o francês Éluard teve tuberculose e foi companheiro de tratamento e de leitura de poesia do brasileiro Manuel Bandeira num sanatório na Suíça. Foi um dos grandes mestres do surrealismo. – ”Oeuvres Complètes 1913-1953″ (2 vols.), Gallimard, 700 francos (França).
81º Liberdade, de Paul Éluard (1895-1952) – Em ”Gaveta do Tradutor”, trad. de José Paulo Paes, Ed. Letras Contemporâneas.
82º Morte sem Fim, de José Gorostiza (1901-1973) – O poeta mexicano preferiu, de maneira geral, o poema curto, mas este ”Morte sem Fim” (1931) é um texto longo em que reaparecem as grandes essências que ele mesmo definiu como suas prediletas amor, morte, Deus. – ”Poesia Completa”, Fondo de Cultura Economica, 2.284 pesetas (Espanha).
83º Romance Sonâmbulo, de Federico García Lorca – ”Obra Poética Completa”, Martins Fontes.
84º Pedra de Sol, de Octavio Paz – ”Pedra de Sol”, Guanabara
85º Autopsicografia de Fernando. Pessoa – ”Obra Poética”, Nova Aguilar.
86º Os Cisnes Selvagens de Coole, de William Butler Yeats – ”Poemas”, Companhia das Letras.
87º Canção do Mal-Amado, de Guillaume Apolinaire – ”Oeuvres Poétiques Complètes” (Gallimard).
88º Sobre a Poesia Moderna, Wallace Stevens – ”Poemas”, Companhia das Letras.
89º Sobre o Pobre BB, de Bertold Bretcht – Em ”Poesia Alheia”, trad. De Nelson Ascher, Imago.
90º Tristia, de Óssip Mandeistam (1891-1938) – Nasceu em Varsóvia e, muito jovem, esteve em Paris, aproximando-se do simbolismo francês. Mais tarde, tornou-se participante de destaque do acmeísmo.Há outro poema do autor na revista ”Poesia Sempre” nº 7, abril/99, trad. de Haroldo de Campos (Fundação Biblioteca Nacional, fax 0/xx/211220-4173).
91º Miniatura Medieval, de Wislawa Szymbosrka (1923) – A escritora polonesa ganhou o Prêmio Nobbel de 1996. Estreou em 1952 com ”Por Isso Vivemos” e pertence a uma rica geração de artistas poloneses, entre os quais se inclui o cineasta Andrzej Wajda. – Há outros poema do autora em ”Poesia Alheia” (Imago) e na antologia ”Céu Vazio” (Hucitec).
92º Fuga sobre a Morte, de Paul Celan ”Cristal”, trad. de Claudia Cavalcanti, Iluminuras.
93º Ode ao Rei do Harlem, de Federico García Lorca – ”Obra Poética Completa”. M. Fontes.
94º Dispersão, de Mário de Sá-Carneiro (18999990-1916) – Apesar de ter se suicidado com apenas 26 anos, pôde escrever o suficiente para ser o principal autor português do início do século, ao lado de Fernando Pessoa.”Poesia”, Iluminuras. – “Obra Poética”, Nova Aguilar.
95º Os Peixes, de Marianne Moore (1887-1972) – Norte-Americana, foi professora universitária. Virtuose da versificação, trabalhou com a decomposição dos versos e da sintaxe. – “Poemas”, trad. de José Antonio Arantes, Companhia das Letras.
96º Provérbios e Cantares, de Antonio Machado (1876-1939) – Nascido em Sevilha, passou seus anos de formação em Madri. A extrema simplicidade formal da poesia de Machado esconde, porém, uma grande complexidade. – “Poesias Completas”, Espasa Calpe, 1.005 pesetas (Fspanha).
97º As Ratazanas, de Georg Traki (1887-1914) – O austríaco foi um expressionista que enlouqueceu com os horrores da Primeira Guerra, na qual serviu como enfermeiro. – “Poemas à Noite”, trad. de Marco Lucchesi, Topbooks.
98º A Outra Tradição, de Josh Ashberry (1927) – Poeta americano que pertenceu à chamada Escola de Nova York. Sua poesia é auto-referencial e expressa uma visão de mundo cética, mas que não perde o humor.Há outro poema do autor em ”Poesia Alheia”, trad. de Nelson Ascher, Imago.
99º Acalanto, de Elizaheth Bishop (1911-1979) – A escritora norte-americana viveu no Brasil em Ouro Preto e no Rio de Janeiro por 16 anos. Além de poesia, escreveu contos, memórias e tem uma rica obra em cartas.”Poemas”, trad. de Horácio Costa, Companhia das Letras.
100º Homem e Mulher Passam pelo Pavilhão de cancerosos, de Gottfried Benn (1886-1956) – A poesia inicial deste autor alemão é expressionista. Sua poesia madura, como a reunida no volume “Poemas Estáticos” (1948), é hermética e niilista. – Em ”Poesia Alheia”, Imago.

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