Para Refletir em 2011;)


Conto: As cismas do destino.

Era mais um belo dia de Novembro, eu apenas tentava dormir. Mas como dormir com aquele barulho infernal que vinha dos auto-falantes, me remexia na cama de um lado para o outro e nada do velho sono voltar, colocava o travesseiro em cima dos ouvidos para conter o barulho e nada, quanto mais tentava me concentra para conquistar o sono perdido ele era roubado de mim, não agüentei e me levantei vagarosamente, bocejando e coçando as costas, caminhei até a janela e fiquei observando as pessoas que passavam, algumas garotas estavam conversando em frente da minha janela aos gritos, comentavam sobre os biquínis que iriam usar, que coisa ridícula, enquanto eu tentava dormir, aquelas garotinhas que aparentavam ter entre 15 e 16 anos falavam sobre biquínis.
Troquei-me rapidamente e desce as escadas quase correndo, já havia esquecido que tinha que estar no píer as 02h30min da tarde para uma nova sessão de fotos, chegando lá, estava às mesmas pessoas de sempre, modelos nacionais e algumas estilistas consagradas, o desfile iria começar e eu tinha que estar com a lente da minha câmara atenta a todos os movimentos. Depois de uma longa tarde fotografando alguns desfiles, já estava completamente exausta, mais por fim a Editora da minha revista me avisa: - “Chega de fotos por hoje”.
O pessoal da revista inclusive eu, fomos para um coquetel oferecido pela maior estilista do momento Karolina K. C. Heathcliff, uma jovem estilista que junta atitude e estilo do ROCK’N’ROLL como conceito principal para suas coleções, ela também se inspira em pintores consagrados como: Matisse, Picasso, Monet e Renoir para criar. O coquetel era em uma praia particular, a segurança foi impecável, só entrava na festa pessoas que estivessem com uma pulseira de neon Verde, e a imprensa como eu, ficava apenas com um crachá; tinha vários bangalôs ao redor, em cada bangalô havia um som diferente que ia desde The Beatles até músicas eletrônicas atuais, comandada por DJs, a maioria dos convidados eram jovens, modelos e empresários da aérea da moda, e como sempre meus velhos amigos da imprensa os temidos Paparazzi, cheguei até um deles, na verdade meu ex-namorado Nicollas, para puxar papo:

- Oi Nick gostando da festa?

Ele respondeu sem tirar a câmera de seu olho esquerdo: - Oi, pensei que estivesse em Milão cobrindo á semana de moda de lá!

Respondi em tom de sarcasmo: - Se estivesse lá nesse momento, não estaria conversando com você agora...

Ele começou a sorrir e nesse momento se virou em minha direção e me deu um abraço dizendo:- Senti sua falta, onde esteve esse tempo todo?

Eu revidei dizendo:- Como assim esse tempo todo? Nós vimos no inicio do ano e pelo jeito você esta sabendo mais coisas de mim do que eu de você, como soube que iria para Milão?

Ele respondeu-me: - As noticias correm, mais sinceramente quem havia me dito foi sua chefa, se não se lembra, eu ainda namoro a filha dela.

Eu sorri e passamos o resto da noite bebendo alguns drinks e conversando sobre nossas vidas, relembramos as viagens que havíamos feito na época em que namoramos. No fim da festa ele me acompanhou até á pousada onde eu estava hospedada, que ficava á 30minutos de distância da festa, dessa forma fomos caminhando, assim que chegamos à frente do portão nos despedimos carinhosamente, já que ele iria embora à manhã seguinte para a capital.

Quando eu já estava subindo as escadas para subir ao meu quarto ele grita do meio da rua:

- Boa noite querida Catherine!

Assim que cheguei ao quarto, tomei um banho de banheira, coloquei roupas confortáveis, e dormir como um anjo. Na manhã seguinte por volta das 09h24min o meu celular toca insistentemente e dessa forma acordei, atendi meia que sem entender o que a pessoa da outra linha me dizia: - Por favor, me diga que não é verdade que o Nicollas morreu?

Eu gritei em desespero: - Que historia é essa? Quem disse que ele morreu?

A outra pessoa do outro lado era minha chefa e pela voz tremula estava muito nervosa, antes que desligasse o telefone, disse a ela que iria ao seu hotel para que ela me contasse o que havia acontecido.

A primeira roupa que eu vi na frente veste e sai correndo como uma louca até chegar ao hotel onde ela estava hospedada, e ela me contou tudo em total desespero, disse-me que hoje de madrugada um policial encontrou um corpo de um rapaz que aparentava ter 25 anos, numa praia perto da pousada onde eu estava hospedada, era o Nick e que pelos cortes no pulso tinha total certeza que foi suicídio, ela descontrolada gritou:

- Ele era tão feliz não era, porque faria isso, porque se suicidou? Como direi a Fernanda agora.

Pra dizer a verdade eu estava mais bestificada do que ela, jamais Nick pensaria em suicídio ele sempre foi tão otimista e compenetrado no que queria e viver para ele era realmente uma jóia preciosa, se ela não estava acreditando imagina eu que fui sua namorada por três anos, e conhecia seus desejos interiores como ninguém, como aquele rapaz de 25 anos cheio de vida que estava conversando comigo sobre o futuro na noite passada, pode depois de algumas horas cometer suicídio?

Ela me pediu para acompanhá-la até o IML da cidade, lógico que não iria lhe deixar sozinha num momento tão delicado, chegando lá assim que o vi, não pude acreditar que aquele belo rapaz que estava ao meu lado na noite passada estava ali, pálido como mármore, morto! Comecei a chorar, e ela começou a gritar. O médico que nos acompanhava, perguntou se ele era depressivo, dissemos que não, e o médico como se duvidasse do que dizíamos nos disse:
- Estão vendo esses cortes aqui (levantando os pulsos de Nick) foi muito profundo como se ele quisesse morrer logo, sinal de que já havia tentado isso antes.

Eu e Emilia saímos do IML em estado de choque, ela chorava em prantos e eu como se quisesse esconder a dor soluçava em silêncio. Peguei o seu carro e deixei-a no hotel, voltei para a pousada e assim que cheguei lá, havia uma mensagem em meu celular que dizia o seguinte:

“O que você faria se soubesse que alguém morreu por sua causa?”

A mensagem era de um numero desconhecido e eu tentei retorna á ligação por diversas vezes mais ninguém atendia. Estava profundamente triste com a morte de Nick, e da forma que ele morreu era o que mais me surpreendia e aquela mensagem, quem diabos em meio a tudo que estava acontecendo poderia fazer uma brincadeira daquelas, num momento como aquele? Depois de duas horas uma nova mensagem que dizia:

“Ele merecia ter morrido mais você merece mais”

Me desesperei quem era aquele louco que estava mandando aquelas mensagens?
Definitivamente não podia ir a policia, porque como o policial mesmo disse Nick havia se suicidado e eu não queria me envolver. Mais eu tinha que conversa com alguém sobre isso, mais como conversar com alguém da minha confiança, se as pessoas que eu mais confiava estavam a 200 km de distância?
E por telefone realmente não dava para conversar, não da maneira que eu desejava, fui até o banheiro fiquei parada em frente ao espelho, lavei meu rosto e abri um frasco de um tranqüilizante que sempre carrego comigo tomei dois e tentei dormir. Eu estava em uma cidade do litoral sul do estado á trabalho, havia desistido de ir cobrir a semana de moda de Milão, quando minha chefa me fez uma proposta irrecusável de que se eu viesse, ela aumentaria meu cachê e no final dos desfiles me daria férias neste paraíso por duas semanas, topei na mesma hora, até porque precisava de umas boas férias, mais depois dessa tragédia envolvendo o Nick, eu estava desesperada para voltar ao meu lar de verdade e dormir um longo sono e esquece que meu amor na verdade meu primeiro amor havia morrido a poucas quadras de onde eu estava dormindo. Aquilo não era justo, a vida não era justa e nesse momento, comecei a chorar compulsivamente como uma criança assustada. Só havia duas hipóteses naquele crime: Nick não se matou, e alguém que o conhecia queria me deixar louca, era isso, mais quem seria essa pessoa?

Eu e Nicollas (Nick é um apelido carinhoso que ele ganhou do irmão) nós conhecemos por acaso, eu trabalhava em uma pequena loja de artigos Indianos, quando uma noite quando já estava fechando a loja, um rapaz com um estilo meio suspeito, entrou tão rápido como se estivesse correndo, me pergunta se havia algum livro sobre Gandhi, eu disse que já estava fechando á loja, e pedi educadamente que ele voltasse no dia seguinte, mais ele muito teimoso e impaciente veio com uma conversa que o livro não era pra ele e que era questão de vida ou morte levá-lo para sua prima doente que estava nas últimas no hospital. Sinceramente, eu não engoli a história e comecei a rir da sua cara, e ele meio que sem entender do que estava rindo me falou:

- Como você é má, está rindo da minha prima doente? Cuidado você vai pro inferno por isso!

Eu estava rindo da cara de pateta que ele fez, porque eu já sabia quem ele era, e percebe na hora que tudo isso era uma tática, ele estudava do lado da minha sala na faculdade, e aquilo era típico de um grande mentiroso, metido a conquistador. Mais de tanto ele me abusar eu fui procurar o bendito livro de Gandhi, assim que achei o livro e ele pagou os devidos tributos e se foi e até que fim eu fechei a loja e também fui para casa. Só que o que ele havia me dito era á pura verdade, no outro dia na faculdade eu descobri por uma menina da minha sala comentando que a prima dele estava muito doente, e queria juntar uma turminha para ir visitá-la. Eu fiquei totalmente sem jeito de chegar ao rapaz e pedir-lhe desculpas por minha falta de sensibilidade, e assim que o vi caminhando pelo corredor, eu me dirigi até ele e disse:

- Olá. Gostaria de saber se sua prima gostou do livro?

Ele com uma cara de sono, respondeu que sim com a cabeça.

Eu insisti de novo e lhe disse: - Me desculpe por ontem, pensei que o que você havia me falado era mentira e por isso rir de você, mais não era a minha intenção. Baixei a cabeça e caminhei um instante, e dei as costas, quando ele me pergunta:

- Só aceito suas desculpas se você for comigo hoje á noite em uma mostra de Fotografia?

Desse dia em diante começamos a nós encontrar com freqüência e começamos a namorar, com três meses de namoro alugamos um apartamento perto da faculdade, tínhamos os mesmos sonhos, e as mesmas perspectivas de vida, e até trabalhamos por oito meses juntos, viajávamos juntos algumas vezes a trabalho, e algumas vezes o trabalho nos afastava por completo. E foi em uma dessas viagens de trabalho que conhece um rapaz muito diferente de Nick, com sonhos diferentes e com uma paixão que ás vezes me contaminava; depois que o conhece tive certeza que eu e Nick, não estávamos mais dando certo, que estávamos passando por um desgaste emocional porque eu estava completamente apaixonada por outro e o pior um completo desconhecido. Assim nosso relacionamento de três anos chegou ao fim, fui até nosso apartamento e peguei tudo que me pertencia, acho que Nick não entendeu muito bem a minha atitude, mais eu estava cega com as artimanhas da paixão, e mesmo depois de eu ter o abandonado, eu sei que ele ainda me amava, e dessa forma sai do meu antigo emprego e ele continuou á trabalhar lá, em outra função, ele passou de Editor de imagem á paparazzi, e por incrível que pareça Nick e eu ainda continuávamos amigos, é claro sem o conhecimento do meu novo namorado Miguel. Falar sobre o sucessor de Nick é um pouco tempestuoso, resumidamente posso dizer que os oito meses que passamos juntos fomos do céu ao caos, bem no início do nosso namoro, ele era um príncipe, me tratava como se eu fosse á única mulher da face da terra, me minava, me compreendia e me dava apoio no meu trabalho, só que quando se passou alguns meses e eu tinha que recomeçar minhas viagens de trabalho, ele definitivamente “surtou”, tinha ciúmes de todos os meus amigos e me pediu que abandonasse meu trabalho em um dia que me viu conversando com Nick em uma sessão de fotos. No início do nosso relacionamento eu havia deixado meu antigo emprego onde Nick e eu, trabalhávamos juntos só para agradá-lo, porque eu sabia que ele morria de ciúmes do Nick, mais desta vez não abandonei meu novo emprego, e este foi o pontapé inicial para o termino do nosso namoro, eu que terminei por já não mais agüentar seus chiliques e seu autocontrole sobre mim. Depois que terminei meu namoro com Miguel, ele começou a desaparecer da minha vida, então comecei a dividir um apartamento com minha melhor amiga, uma pessoa que se parecia muito com minha personalidade, éramos mais do que amigas éramos irmãs, seu nome era Melissa, foi ela quem arrumou este emprego que estou hoje em dia, Emilia minha chefa é sua tia e madrinha. Quando tentei me reaproximar de Nick, ele já estava namorando á filha de Emilia, dessa forma me dei um tempo, e não arrumei nem um novo namorado, estava realmente satisfeita e feliz da forma que vivia, e foi ai que me afundei no meu trabalho, afundei literalmente nele para suprimir a dor de ver Nick com outra. Até que acontece uma tragédia dessas, Nick morto! O meu Nicollas morto.

Levantei-me da cama que estava deitada, causei meus tênis e peguei minha câmera e a bolsa e fiz uma longa caminhada na orla para espairece, meus sentimentos estavam tão distantes quanto eu, e por diversas vezes me questionei pensando em como fui burra, deveria ter tido tudo que estava engasgado para o Nick, deveria ter lhe procurado assim que meu namoro com o Miguel chegou ao fim, e ter lhe dito com todas as palavras que ainda o amava, não da forma de antes mais de uma nova forma com outra visão e dimensão diferentes, porque desta vez, desta maldita vez eu tinha certeza que ele era realmente, sem nem uma margem de dúvida o amor da minha vida e que sem ele ao meu lado não valeria apena viver. Enquanto esses pensamentos nostálgicos e sentimentalistas dominavam a minha mente, eu me sentei em uma praia deserta, não havia ninguém ao redor, definitivamente nem uma alma viva e perdi totalmente a noção de tempo e espaço, apenas quem habitava aquele universo era eu e o grande oceano azul a minha frente, e fiquei meio que hipnotizada com o balé das ondas, tranquei meus olhos e tentava me concentrar no rosto de Nick, e em sua última frase dirigida a mim “Boa noite querida Catherine”.

Ah! Nick porque me abandonou? Porque fez isso comigo? Essa frase minha voz interior me perguntava a todo o momento. Quando ainda com os olhos fechados tentando se concentrar em uma resposta, meu celular toca, e nesse instante perde o foco da concentração, abri-o rapidamente e certamente o numero que aparecia no visor não era conhecido uma nova mensagem de texto que dizia:

- Suicídio ou Homicídio. Eis a questão?

Comecei a chorar enquanto lia a mensagem, quem era aquele doente mental que estava me mandando àquelas mensagens, aquilo já era demais, e quando me levantei para ir direto a alguma delegacia o telefone toca, dessa vez atendi e nem olhei o numero quando a pessoa na outra linha fala:

- Como vai Catherine?

Eu respondo em tom de paciência: - Não tão bem idiota!

A pessoa do outro lado sussurra: - Recebeu minhas mensagens?

Fiquei pálida e mudei a voz para um tom de fúria: - Quem é você? Porque me mandou aquelas mensagens infames, pode acreditar vou te pegar desgraçado.

A voz passa de sussurro para um tom hostil: - Na verdade você me conhece muito bem, e em breve iremos nos encontrar. A pessoa misteriosa desliga na minha cara.

O sol já estava se pondo na minha frente e o laranja-rosa do crepúsculo tomava suas formas, e eu tinha completa certeza que não estava maluca e que o Nick não havia se suicidado e sim sido assassinado. Quando ainda estava pensando senti uma presença ao meu lado, e quando olhei bruscamente era nada mais nada menos que á Fernanda, a namorada do Nick, ela olhou-me como se fosse um verme a ser esmagado e aniquilado da face da terra, eu sorri para ela ainda em tom de surpresa e disse:

- Sinto muito pelo Nick; eu espero que todo esse mal entendido seja resolvido pela policia, se houver alguma coisa que eu possa fazer pra te ajudar...

Ela continuou a me olhar da mesma forma rancorosa e disse-me:

- Você sabia que ele iria me deixar?

Fiz um sinal de negativo com cabeça e exclamei: - Não, realmente não sabia.

Ela com uma voz de desprezo revelam-me: - Eu era a mulher mais feliz do mundo, quando uma ex-namorada dele chegou para acabar com minha felicidade, mais eu agüentei firme e não me exaltei, só que quando foi este mês eu descobri que estava grávida e quando fui contar a ele, ele me disse que sempre amaria seu filho onde quer que ele esteja e que jamais ele abandonaria seu papel de pai, mais que nosso relacionamento era uma grande farsa, ele estava cansado de estar com uma mulher que não amava, e que já estava na hora dele deixá-la. Ele me disse que a mulher que ele amava estava indo embora para outro país e que já não sabia se valia apena deixá-la ir embora de novo, por isso ele iria se arriscar para ir embora junto com ela...

Eu ouvi atenta ao desabafo da Fernanda e lhe perguntei: - Quem era ela?

Ela abriu sua bolsa e tira de dentro uma pistola e aponta para minha direção e me fala:

- Você.

Fiquei em estado de choque e ainda sem acreditar no que ela me dizia falei: - Fernanda abaixa essa arma e vamos conversar. Eu não tinha nada com o Nick desde que nos separamos á quase um ano, por favor, pensa no seu filho...

Ela em total desespero começa a falar: - Cala essa boca, você sabe o que é uma mulher deitar com seu marido e ele virar pro outro lado e dormir sem tocá-la e quando chegava á madrugada ele escreve em um diário pra outra mulher, contando o que realmente sentia por ela e quanta falta e amargura ela lhe trouxe depois que ela havia lhe deixado? Não Catherine, você não sabe o que é isso, o pior é esta mulher encontrar o diário do marido e lê-lo desde o inicio, aquilo foi uma injeção letal para mim, senti que deviria ter lhe dado o troco por todo esse amor que ele sentia pela outra e não por mim, para mim só havias as migalhas os restos, então quando descobri que ele vinha junto com minha mãe para esses desfiles de moda, não liguei, mais quando li em seu diário que ele viria só por sua causa, para lhe reconquistar, a raiva tomou conta de mim, então sem que minha mãe soubesse vim para esta cidade e me misturei aos turistas. Só que eu vim na intenção de encontrar vocês dois juntos e matá-los, mas minha oportunidade foi desperdiçada, eu vi o encontro de vocês dois ontem á noite, de longe os observei como ele lhe tratava e sua cara de felicidade. Então vocês seguiram para a pousada onde você estava hospedada e eu observei tudo de longe, eu ouvi quando ele gritou “Boa Noite querida Catherine” e sabe o que eu podia ouvir dentro de mim, “Boa noite minha amada Catherine, ainda te amo, sempre te amei”, não dava para matá-los porque a rua ainda estava movimentada. Segui-o, realmente ele estava feliz, ia cantarolando, quando me aproximei dele chamei seu nome e ele caiu, havia tropeçado em um buraco, bateu a cabeça, aproveitei este breve instante, peguei um grande estilete que propositalmente estava dentro da minha bolsa e comecei a cortar seus pulsos, ele morreu desmaiado, sim Catherine o matei, o matei e ele nem sentiu a dor, porque estava desmaiado, e agora é exatamente isso que farei com você, sua ordinária.

Fiquei perplexa e muda ao mesmo tempo com aquela revelação, e mais bestificada ainda com a frieza que Fernanda me contava tudo aquilo em detalhes. Mais enquanto ela estava ali, bem na minha frente com aquela arma apontando para o meu coração, eu tentei me controlar e conversar civilizadamente:

- Escute Fernanda, se observou eu e Nick a noite inteira viu que ele me tratava como se fosse uma velha amiga, nada mais do que isso, e da minha parte jamais lhe trairia, até porque não é da minha personalidade ter casos com homens casados...

Nessa frase ela me interrompe com um grito: - Cale-se não quero saber...

Continuei de onde parei e lhe disse:- Se que saber mais, quem se fudeu nesta historia foi você, porque matou um dos homens mais maravilhosos que eu já conheci e sei que seu filho jamais te perdoará por essa tragédia que você fez antes mesmo dele nasce lhe negar o prazer de conhecer seu pai. Se acha que foi justo o que você fez com o Nick, eu digo que você esta louca, sim você esta louca. Se ele não te queria mais, você teria que seguir em frente e viver sua vida, tentar construir uma nova historia com outro alguém e não matá-lo da forma que você fez. Você foi covarde Fernanda, tirando a vida de um homem bom que tinha toda a vida pela frente, tirando a vida de alguém que jamais faria mal á você. Agora saia da minha frente seu monstro, sua psicopata alienada, irei agora mesmo para a policia!

Disse-lhe isso e dei alguns passos para longe dela, quando ela replicou dizendo:

- De mais um passo e eu mato você Catherine, eu juro que mato!

Quando dei as costas e prossegui adiante, ouvi um barulho e de repente cai no chão, senti uma queimação nas costas, um forte gosto de sangue na boca, e quando me dei conta já não mais sentia meu corpo, parecia que ele estava sendo tirado de mim, não sentia minhas forças só havia uma luz tão intensa que não podia abrir meus olhos, sua intensidade me cegou. Quando abri novamente meus olhos eu me vi caída naquela areia branquinha e a minha volta havia uma poça de sangue que escorria por entre as minhas costas, eu estava voando literalmente, estava em uma espécie de vôo rasante onde eu podia me enxergar e ver as coisas ao meu redor com uma cor diferente e de um novo ângulo acompanhei a cena inteira e bem do lado do meu corpo Fernanda me olhava com uma cara de extrema satisfação, como se estivesse se divertindo com a minha dor e com o sangue que escorria e que se colidia com aquela alva areia. Fiquei ali ao lado de Fernanda vendo os meus últimos suspiros de agonia mais quando se aproximei para olhar mais de perto meu corpo ali estirado no chão, reparei que pelas minhas feições não aparentava de maneira nem uma que estava morta, parecia que estava dormindo e que ha qualquer momento poderia despertar daquele sono infernal. Depois de alguns minutos, Fernanda coloca a arma dentro da bolsa e com um sorriso diabólico grita em direção ao meu corpo:

- Eu disse que não se mexesse idiota, agora Catherine durma no inferno. Ela saiu.

Começou a escurecer, quando de repente mandado pelos anjos, um homem que aparentava ter 45 anos de idade de trajes humildes e com uma sacola suja na mão esquerda vinha caminhando a beira-mar viu ao longe meu corpo caído e começou a andar rapidamente até que se aproxima dele e tenta me perguntar algo, ele colocou suas mãos em volta do lugar onde estava sangrando e tentava estancar o sangue com minha blusa e com a compressão de suas mãos, ele me disse algo ao pé do ouvido e começou a mexer dentro da minha bolsa, quando encontrou meu celular, vi que ele estava discando o numero da emergência. Este homem aparentava estar desesperado com a demora da emergência e na verdade não tinha noção de tempo algum naquele lugar, por fim a ambulância chegou. Quando me dei conta já estava em um hospital dentro de uma sala com diversos aparelhos a minha volta, e com diversos médicos também, um deles á todo momento olhava meus batimentos cardíacos e sempre ficava olhado para o meu rosto, pela sua face de preocupação, meu caso era realmente grave. Depois que sai da sala de cirurgia fiquei em coma e só recebia visitas do meu jovem médico e das enfermeiras que se revezavam entre si, acho que passei duas semanas ali deita sem me mexer. Quando de repente como em um sonho acordei. Todos ficaram felizes pelo meu regresso aos vivos, a enfermeira que estava ao meu lado correu e em tom de êxtase gritou ao corredor:

- Doutor Heron pode vim aqui, por favor?

Quando ouvi passos no corredor como se a pessoa que viesse ao meu encontro estive correndo e rapidamente ele cruza a porta muda as feições quando me vê acordada. Ele aparentava ser jovem, lhe daria naquele instante 23 anos, ele vem até minha direção e me examina cuidadosamente e depois de se certificar que tudo estava bem ele me pergunta:

- Como se sente? Alguma dor?

Eu o encarei como se suas feições não me fossem estranhas e lhe disse:

- Não estou bem, um pouco tonta.

A partir desde dia eu fiquei no hospital por mais três dias para observação. Meu jovem médico me visitava com freqüência e começamos a conversa, tudo que eu queria era ir embora e ir diretamente a policia contar o que a assassina Fernanda havia me dito e me feito. Heron me aconselhou a ir com calma e me disse que eu havia perdido muito sangue e que estava muito fraca ainda para fortes emoções. Mais no fundo nós dois sabíamos que o que estava forte não era isso. Quando ele não me visitava eu sentia tantas saudades e quando ele chegava para me examinar parecia que as luzes do quarto mudavam constantemente, estava embriagada por ele, além do mais, ele foi um dos médicos que salvou minha vida, e quanto a historia do vôo rasante definitivamente não tive coragem para lhe contar, na verdade guardei para mim, como se fosse uma espécie de conto interior, de sonho quimérico. Quando tive alta do hospital, peguei o primeiro vôo para casa, e chegando lá contei a historia a Melissa, ela me deu todo o apoio do mundo em relação ao que aconteceu com Nick, e fomos diretamente para a delegacia, contei tudo para o delegado sobre o que Fernanda havia me revelado, ele mandou uma intimação para sua casa e depois de nove meses ela confessou o crime, na primeira sessão judicial, ela foi presa depois de alguns meses do nascimento do seu filho.

Nesse tempo que estive lutando para o monstro Fernanda ser presa, aproveitei um dia em que ela havia saído do apartamento onde ela morava com Nick e invadi para procurar o diário onde ela na sessão judicial disse que havia queimado, eu sabia que era mentira e decidi correr este risco, e eu estava totalmente certa, o diário estava em uma gaveta ao lado da cama do casal, minha intenção era achar o diário e guardá-lo para mim como lembrança do meu grande e verdadeiro amor Nicollas Earnschaw. A cada dia lia o diário e me surpreendia com os sentimentos que Nick ainda sentia por mim, era exatamente o que também sentia por ele, só que do meu jeito, por alguns meses entrei em pura depressão, me senti tão melancólica e sem forças para enfrentar a vida e meus sonhos que estavam desmoronando embaixo dos meus pés, até que um dia li um texto que me pareceu uma resposta para todo aquele sofrimento que me pegava pelos braços, no texto Nick dizia que devemos viver o hoje e aproveitá-lo como dever ser com detalhes de momentos e que se nos perdemos em meio á tempestade podemos encontrar um caminho, se mantemos a FÉ. Fé era á resposta!

Me casei, com Heron e tivemos dois filhos, Hareton e Nicollas, hoje percebo que por mais feliz ou triste que esteja sempre manterei a imagem do meu primeiro e verdadeiro amor vivo dentro de mim.

Era mais um dia de novembro de 2010 e eu dessa vez acordei cedo, sem que meu marido percebesse, me arrumei e dirigi até chegar á uma cidade do litoral sul, onde há alguns anos atrás um jovem de 25 anos era morto, porque havia escrito em seu diário “Minha amada Catherine, amo a estrada que você havia buscado dentro de si e jamais havia encontrado em volta de ninguém”. Este rapaz morreu em uma madrugada em que eu deveria ter me arriscado mais, e ter lhe dito tudo que estava cravado entre minha alma e meu coração. Aprendi com ele que viver sem arriscar não é viver e quando me sentei novamente em frente aquele mar e me concentrei por completo me parecia que podia ouvir sua voz e vê-lo como naquela madrugada e na sua última frase me apaixonar de novo, eu sabia que ele estava em paz e que em breve nos encontraríamos como em um vôo rasante.


By: Karolliiny Heathcliff Lorak

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